"A cada
um conforme a sua obra", resumiu Jesus Cristo em uma de suas pregações
públicas, referindo-se ao resultado da trajetória vital de cada um de nós, ou
seja, em relação ao que construímos fundamentado na energia do bem e do amor ou
ao que deixamos de construir.
A frase de
Jesus é perfeita no sentido de sintetizar que o tempo de existência de um
espírito que reencarna sucessivas vezes é suficiente para atestar ou não a sua
evolução consciencial, porque na esfera espiritual, considerando-se as leis
divinas que regem o universo, nada é conseguido de graça e toda ascensão
significa um nível evolutivo conquistado por méritos do próprio espírito.
Os
"santos" canonizados pela Igreja Católica foram pessoas comuns,
cheias de dúvidas existenciais e de imperfeições, mas que aos poucos, foram
percebendo suas existências com o olhar do amor e começaram a praticar essa
energia em benefício do outro e de si mesmos. Dessa forma, perseverando na
prática do amor abrangente e desinteressado, foram evoluindo vida após vida até
se tornarem seres iluminados pela "obra" que construíram em suas
sucessivas existências na matéria.
Portanto, a
expressão "somos seres iluminados", por mais positiva que possa
parecer, é equivocada no sentido genérico de sua interpretação. Pode ser
considerado um ser de luz aquele psicopata corporativo que aproveita-se de sua
condição para enriquecer ilícitamente, ou o psicopata predador que mata sem
piedade ou remorso?
Baseado na
orientação do livre arbítrio cada ser humano constrói em sucessivas vivências a
sua obra que é o resultado da sombra do desequilíbrio, do sofrimento e da
alienação em relação a si mesmo, ou da luz da harmonia e do progresso
espiritual. E como um estudante que passa de ano ou é reprovado e permanece no
mesmo nível, iluminamos o nosso caminho de uma forma perceptiva, direcionada e
lúcida, ou indefinidamente percorremos essa estrada vital aos tropeços, que
inevitavelmente nos conduzirá a quedas e a escuros labirintos.
A trajetória
espiritual do homem no planeta Terra nunca foi "fácil ou difícil",
mas uma decorrência do nível consciencial de cada ser. Não é por acaso que
estamos aqui, e se aqui nos encontramos é porque temos um desafio pela frente a
ser vencido por aqueles que desejam construir as suas obras alicerçadas na
energia do bem e da fraternidade universal. Sem essa percepção, sem esse olhar
voltado para o profundo de si mesmo e do outro, a existência humana no planeta
permanecerá envolvida na sombra do sofrimento, da angústia e da dúvida...
Somos seres
de luz ou sombras perdidas na imensidão do universo? A resposta continua com
cada um de nós, porque somos seres responsáveis pela obra que construímos e
que, se somadas todas as vivências, individualmente representa o caminho da luz
ou das sombras e, coletivamente, o nível de vibração energética que envolve o
planeta em que vivemos.
Somos a
consequência do que construímos ou do que deixamos de construir em prol do bem
e essa síntese encontra-se inserida na curta frase proferida pelo Cristo.
Verdade que leva-nos à reflexão, que é a forma como o ser inteligente, a partir
da avaliação que faz de sua própria existência, providencia (ou não)
significativas mudanças de atitudes em sua vida atual.
O sofrimento
humano nada mais é que a falta de percepção de nossas próprias limitações,
imperfeições, que podem ser corrigidas com o aumento do nível de lucidez de
nossas consciências, o que conseguimos somente com mudanças de atitudes em
relação a padrões comportamentais arcaicos que nos prendem a vibrações
contrárias à prática do amor desinteressado e do bem de alcance coletivo.
Esse
desapego às questões do ego que não vê além de interesses individuais é a base
da libertação do espírito e o início de sua iluminação própria, porque durante
a existência material do ser inteligente, tudo tem uma razão de ser ou de
acontecer, inclusive, em relação a uma consciente mudança de paradigma quando o
histórico de vidas do indivíduo que assume o compromisso com o bem é
praticamente apagado para que a luz do despertar ilumine a construção de uma
obra baseada em valores transparentes e verdadeiros.
A partir da
certeza assumida com sua própria consciência o indivíduo passa a ser
considerado, pelas leis que regem o universo, um ser a caminho da elevação...
até atingir o patamar dos seres espiritualmente iluminados.
fonte: www.flaviobastos.com
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